terça-feira, fevereiro 13, 2007

Podia ser meu filho ...

Faz muito tempo que não escrevo no blog. Falta de tempo, de inspiração, sei lá. Mas, assim como toda a população, fiquei extremamente indignada com a morte do menino João, de apenas 6 aninhos. Comovida é pouco, fiquei abalada. Podia ser o meu filho ...

Ele tinha a idade do meu filho, que também viaja no banco traseiro do carro, com o cinto de segurança devidamente afivelado como o instruí, para protegê-lo de um eventual acidente de trânsito. Imediatamente após saber a notícia, coloquei-me no lugar dessa mãe. Podia ter sido comigo. Quantas vezes saio da casa da minha mãe por volta das 22 hs dirigindo, sózinha com as crianças, em direção da minha casa ? Na maioria das vezes além do menino de 6 anos afivelado no cinto, ainda levo a menina de 4 anos , deitada , dormindo e afivelada no cinto. Podia ter acontecido comigo. E o que faria eu ?

Não sei minha reação na hora porque o calor do momento nos modifica. Mas tento pensar, simular o momento e ter um plano de ação. Parece incrível mas sinto que preciso saber reagir à esse tipo de situação. Parece que preciso aprender a lidar com o perigo eminente para sobreviver e, principalmente, salvar minhas crianças. Acho que iria para o banco de tráz, se minhas crianças não podem sair do carro, eu vou junto, para o que der e vier. Sem elas não sou ninguém. Não quero conceder entrevistas, receber condolências do bispo ou do governador, saber que a população consternada usa faixa preta de luto. Não quero a homenagem alheia, que o nome do meu filho vire praça , parque ou rua. Quero meus filhos vivos !!! Vivos !!!

Não sei quantos calmantes a mãe do João tomou antes da entrevista no Fantástico mas que tranquilidade ela me passou. Eu não teria. Acho que quando soubesse os culpados, se eu estivesse viva, ninguém me deteria, iria atacar o pescoço dos assassinos sem dó nem piedade, para fazer justiça com minhas próprias mãos. Por que justiça não é o assassino ficar na cadeia 3, 5, ou 10 anos. Justiça é ele morrer. Matou deliberadamente, com requintes de crueldade, uma criança. Não demonstra nem resquícios de arrependimento, de sofrimento ou qualquer sentimento que se pareça com a raça humana.

O mentor do crime, li no jornal Globo de hoje, vive nas ruas desde os 10 anos. Não soube o que é infância, família ou casa. Não quero discutir as razões ou culpas. O que interessa é que o filho da rua cometeu este crime hediondo e não mais merece viver. Se ele não é culpado de viver na rua, se a culpa é dos pais por permitirem ou do governo por deixar as ruas cheias de pivetes, com certeza ele é culpado pelo que fez. Não importa se tem 15, 18 ou 20 anos. Isso não reduz a culpa. Um ser que vive sózinho nas ruas desde os 10 anos, é mais que maduro, é safo, e responsável pelos seus atos. Foi criado na rua, tem valores diferentes do meu e do seu. Luta pela sobrevivência e pela comida todo dia. Sabe que a lei é essa, viver ou morrer. Não teve escolha ? Teve sim ! Podia ter ficado em casa ao invés de ter ido para as ruas. Como seus irmãos. Podia ter dividido a miséria na favela. Podia ter sentido fome e frio no barraco junto da família. Mas desde cedo, prefiriu não dividir nada. Prefiriu seguir sózinho e sózinho decidir seu destino. Não aceitou o sofrimento imposto pela pobreza para milhares que nascem nas favelas do país. Achou melhor e mais fácil tirar de quem tem , assustando, machucando, que seja. Achou que tinha direito de tomar dos outros. Falta de educação ? Cupa dos pais ? Do governo ? Má índole ? Porque nem todos reagem dessa forma ...

Nada disso importa. Importa que quem fez o que ele fez não merece continuar vivendo, convivendo com os demais da raça humana. Ele não é humano. Não importa a idade que tenha. Um monstro, não importa de onde tenha vindo ou quantos anos tem, deve ser julgado pelas atrocidades que cometeu. Nunca pelos motivos pelos quais cometeu as atrocidades. Não existem motivos ou razões para se cometer crimes hediondos, só a falta de humanidade. E assim devem ser julgados estes criminosos, e condenados com a pena máxima, capital. Não adianta ficar preso, 3, 10 ou 30 anos. Como disse a mãe do culpado, o sistema não corrige, só os liberta ainda piores. Então é melhor eliminar o mal pela raíz. Não sou defensora da pena de morte mas ... há casos e casos. O que nos amendontra na pena de morte é a ineficácia da justiça. Que não separa o ladrão de pão do assassino. Que não distingue um assalto de um crime hediondo.

Com certeza esse meu texto vai despertar a ira de muita gente. Pessoas que se levantarão em defesa dos direitos humanos. Que lembrarão a vida dura e miserável dos assassinos, que buscarão nela justificativas para seus atos. Mas quem, em sã consciência, acredita que o menor assassino, depois de 3 anos preso, sairá de lá uma pessoa melhor ??? Com certeza sairá do presídio uma pessoa muito pior, mais dura, capaz de crimes ainda piores. Pode parecer que estou sendo muito pragmática, muito insensível, mas estou zelando pelos meus próprios filhos. Não quero pessoas como essas soltas nas ruas nem hoje, amanhã, daqui há 3 anos, 10 anos, nunca. Quero que a punição seja exemplar para desencorajar todo e qualquer deliquente. Que eles pensem mais na punição, antes de cometerem os crimes. Que eles tenham medo do que lhes vai acontecer quer tenham 18, 15 ou 10 anos. Com consciência das severas consequências dos seus atos, esses menores, adolescentes, marginais, participarão menos de quadrilhas, assumirão menos culpas em troca de celulares. Eles precisam ter medo. Medo real das consequências. Só o medo da morte pode afastá-los da deliquência, da marginalidade. Porque valores, emoção, humanidade, isso eles não têm.

Podem não concordar comigo, ser contra tudo que disse. Mas eu não posso me calar ou exigir menos para esses assassinos bárbaros. Tenho filho da idade do Joãozinho, que também senta no banco traseiro com cinto de segurança. Podia ser o meu filho ...