Ócio criativo?!?!?! Não acredito nisso. O ócio é inócuo para mim. Só trabalhando, mental e fisicamente, produzo e crio. O ócio me deixa estagnada, me limita e me consome.
Pode parecer maluquice, mas a gente tem mais tempo quando está mais ocupada, com menos tempo disponível. Deixe-me explicar, quando temos todo o tempo do mundo para executar uma tarefa, nós a postergamos com mais facilidade. Pois temos tempo para realizá-la a qualquer momento. Já quando o tempo nos é precioso, não adiamos nada. Tudo é para ontem e toda a tarefa será feita em nosso curto tempo disponível. Pois aí, e só neste momento, aprendemos a não desperdiçar nosso tempo. Pode parecer loucura, porém, desde que o mundo é mundo só se valoriza o que é escasso. E o tempo não foge a regra. Quando valorizado, é organizado, e até pode sobrar porque jamais é desperdiçado. Já quando o tempo é abundante, falta tempo para tudo.
Enfím, quando nosso tempo é escasso ainda temos outro benefício: sua riqueza. Isto é, quando nosso tempo é escasso significa que estamos muito ocupados grande parte dele. E, quando estamos ocupados, aumentamos as chances de lugares e situações de observação. Aproveitamos a garagem, o trânsito, o elevador, todo espaço e toda experiência é digna de uma observação. Consequentemente, multiplicamos a qualidade desse tempo. Pois este se torna rico de novidades. Análogamente quando temos muito tempo disponível nossa observação é limitada. Apesar da liberdade para buscar lugares e situações diferentes e interessantes, nos acomodamos a lugares e situações velhas e repetitivas. E a mesmice atrofia a mente, dificilmente gera este impulso criativo. O que muitos chamam de inspiração para escrever.
Perdi todo esse tempo em explicações para chegar a algo simples: sempre senti necessidade de escrever, porém não conseguia enquanto tinha muito tempo disponível. Agora, que estou trabalhando com horários rígidos, parece que meu pouco tempo ocioso, se multiplica e me sobra tempo para escrever essa mal-traçadas linhas.
Não se assustem, só consigo começar a escrever após muito trabalho. Como diz Clarice Lispector: "...Só consigo atingir a simplicidade após muito trabalho..." Parece que preciso justificar tal ato, ou a sua demora, devo muitas explicações ao meu leitor. Chega de "lero-lero", inacreditável quando tempo já perdi me introduzindo aos meus leitores. Mas será que, de fato, foi um tempo perdido? Estou discorrendo sobre nosso tempo disponível, como a escassez leva ao exesso de variedade, riqueza de observação e como isto nos torna mais criativos. E talvez, essa seja a grande observação do momento. Quando nosso tempo ocioso é grande, o deperdiçamos com pequenas e árduas tarefas repetitivas e nos esquecemos de observar ou, até de viver. Porque, será que existe vida sem observação?
Vou terminar esta longa introdução (delírio atrás de resposta a não sei que pergunta) com uma homenagem à uma das minhas escritoras prediletas: Clarice Lispector. Aliás, minha relação com Clarice é estranha e linda. Preciso contar a vocês. Identifico-me com sua forma de escrever. Um dia entrei num livraria, lugar que adoro passar meu tempo, e um dos livros que abri continha frases tão diferentes que fiquei lendo surpresa e encantada, presa, ali mesmo. Emocionada eu pensava que as frases pareciam ter sido escritas por mim, se tivesse talento para exprimir meus sentimentos mais profundos. Nome do livro: A Hora da Estrela, autora: Clarice Lispector. Desde então, virei sua fã e admiradora. Assim, deixo para vocês uma frase dela bastante inspiradora:
"Escrever é procurar entender,
é procurar reproduzir o irreproduzível,
é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."
Pode parecer maluquice, mas a gente tem mais tempo quando está mais ocupada, com menos tempo disponível. Deixe-me explicar, quando temos todo o tempo do mundo para executar uma tarefa, nós a postergamos com mais facilidade. Pois temos tempo para realizá-la a qualquer momento. Já quando o tempo nos é precioso, não adiamos nada. Tudo é para ontem e toda a tarefa será feita em nosso curto tempo disponível. Pois aí, e só neste momento, aprendemos a não desperdiçar nosso tempo. Pode parecer loucura, porém, desde que o mundo é mundo só se valoriza o que é escasso. E o tempo não foge a regra. Quando valorizado, é organizado, e até pode sobrar porque jamais é desperdiçado. Já quando o tempo é abundante, falta tempo para tudo.
Enfím, quando nosso tempo é escasso ainda temos outro benefício: sua riqueza. Isto é, quando nosso tempo é escasso significa que estamos muito ocupados grande parte dele. E, quando estamos ocupados, aumentamos as chances de lugares e situações de observação. Aproveitamos a garagem, o trânsito, o elevador, todo espaço e toda experiência é digna de uma observação. Consequentemente, multiplicamos a qualidade desse tempo. Pois este se torna rico de novidades. Análogamente quando temos muito tempo disponível nossa observação é limitada. Apesar da liberdade para buscar lugares e situações diferentes e interessantes, nos acomodamos a lugares e situações velhas e repetitivas. E a mesmice atrofia a mente, dificilmente gera este impulso criativo. O que muitos chamam de inspiração para escrever.
Perdi todo esse tempo em explicações para chegar a algo simples: sempre senti necessidade de escrever, porém não conseguia enquanto tinha muito tempo disponível. Agora, que estou trabalhando com horários rígidos, parece que meu pouco tempo ocioso, se multiplica e me sobra tempo para escrever essa mal-traçadas linhas.
Não se assustem, só consigo começar a escrever após muito trabalho. Como diz Clarice Lispector: "...Só consigo atingir a simplicidade após muito trabalho..." Parece que preciso justificar tal ato, ou a sua demora, devo muitas explicações ao meu leitor. Chega de "lero-lero", inacreditável quando tempo já perdi me introduzindo aos meus leitores. Mas será que, de fato, foi um tempo perdido? Estou discorrendo sobre nosso tempo disponível, como a escassez leva ao exesso de variedade, riqueza de observação e como isto nos torna mais criativos. E talvez, essa seja a grande observação do momento. Quando nosso tempo ocioso é grande, o deperdiçamos com pequenas e árduas tarefas repetitivas e nos esquecemos de observar ou, até de viver. Porque, será que existe vida sem observação?
Vou terminar esta longa introdução (delírio atrás de resposta a não sei que pergunta) com uma homenagem à uma das minhas escritoras prediletas: Clarice Lispector. Aliás, minha relação com Clarice é estranha e linda. Preciso contar a vocês. Identifico-me com sua forma de escrever. Um dia entrei num livraria, lugar que adoro passar meu tempo, e um dos livros que abri continha frases tão diferentes que fiquei lendo surpresa e encantada, presa, ali mesmo. Emocionada eu pensava que as frases pareciam ter sido escritas por mim, se tivesse talento para exprimir meus sentimentos mais profundos. Nome do livro: A Hora da Estrela, autora: Clarice Lispector. Desde então, virei sua fã e admiradora. Assim, deixo para vocês uma frase dela bastante inspiradora:
"Escrever é procurar entender,
é procurar reproduzir o irreproduzível,
é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."