Sou uma mulher antiquada. Minha geração pregou a liberdade sexual, o Rock'n Roll, o cigarro, a maconha ... Mas gerou uma adulta ponderada.
Na minha juventude tive a oportunidade de experimentar a liberdade , aprendi a lidar com limites e a falta de deles. Tive uma experiência única para os padrões brasileiros. Vivi sózinha em um país distante com uma lingua diferente durante um ano, aos dezenove aninhos. Já tinha passado no vestibular, cursado um período na faculdade e estava cheia de dúvidas. Fui passar um tempo num Kibutz em Israel, sabendo apenas algumas poucas palavras de hebraico. Foi um período incrível que descobri-me por inteira. Ao ter acesso a uma liberdade total e irrestrita, fui madura e ponderada . Valorizei , já naquela época, a educação tradicional que meus pais me davam. Educação tal que fazia sentir-me tranquila para lidar com tanta liberdade, que me faziam assumir essa responsabilidade sem vacilos. Mesmo longe dos olhos dos meus pais, mantive meus valores. Experimentei o cigarro, a bebida e até a maconha porém, nada disso me encantou. E até hoje, não fumo , não bebo e tampouco uso drogas.
Quanto mais a idade avança percebo que pareço mais com minha mãe. Não tenho medo disso. Percebo que os valores que recebi em minha casa, foram testados, constestados e rechaçados por eu mesma em um tempo perdido entre a adolescência transviada e a juventude rebelde. Porém, quando a idade adulta chega, a maturidade enxerga por outro prisma esses valores, afinal a tarefa de educar nossos próprios filhos se inicia e nosso comportamento mais se aproxima ao de nossos pais do que o nosso próprio em tenra idade. Isto mesmo, não se espantem, pego-me muitas vezes mais parecida com minha mãe do que comigo mesma. Isto tem sentido visto que atualmente até meus pais mudaram e mais se parecem com avós do que com os pais de outrora.
A vida é mesmo uma dança de cadeiras. E a cadeira de adulto tem variações. Desempenhamos diversos personagens e atuamos em diversas novelas. Tem a fase em que somos filhos "aborrecentes", a fase em que somos adultos independentes, a fase em que somos pais e/ou mães, enfím, cada momento é único e nos transforma em um personagem único para lidar com ele.
Enfím, sinto-me antiquada na educação dos meus filhos. Apesar de querer que eles tenham todas as qualidades inerentes ao mundo moderno, como agilidade, flexibilidade, etc, quero que sejam firmes em seus valores morais e éticos, que sejam íntegros, solidários e sensíveis. Sou ainda "careta" no que tange a liberdade, acho que nos dias de hoje liberdade demais assusta, que são necessários limites bem delimitados, mesmo que seja para contestá-los ou infrigí-los.