terça-feira, agosto 08, 2006

O poder dos petro-dólares

Há dias que venho tomando coragem para comentar o que se passa atualmente no Oriente Médio, mas, cada vez que penso em escrever acontece outra tragédia, e a sensação que a paz se distancia me deixa prostada.

É claro que uma guerra nunca é justa ou justificável. Sempre seria melhor que todos existissemos, co-existissemos , enfím, vivessemos em paz. Então, não estou aquí para defender apenas um lado, estou aquí para mostrar que existem dois lados. Porque os meios de comunicação só estão mostrando um lado, estão parciais, desenhando Israel como um monstro que mata criancinhas.
A guerra não começou porque foram sequestrados só dois soldados israelenses. Ou ninguém mais se lembra dos homens-bomba, dos ônibus lotados de inocentes, inclusive crianças, que foram explodidos ??? E, as pizzarias, lotadas de civis , inclusive uma brasileira ??? Então, a gota d'água pode ter sido o sequestro dos soldados, mas há muito tempo os terroristas provocam, sem nenhuma reação de Israel.
Quando a guerra foi deflagrada, com ataques e bombas pelos dois lados, os civis de ambos lados precisavam fugir e/ou se esconder. Porém, enquanto os civis israelenses se escondem no subterrâneo, quem está nos subterrâneos do Líbano é o Hezbollah. Enquanto a população civil do norte de israel se desloca para o sul do país, a população civil do sul do Líbano apoia o Hezbollah e acredita ser uma honra morrer na "guerra santa" contra Israel e tornar-se mártir, tornando-se verdadeiros escudos humanos. Alguns alegam que Israel tem dinheiro para construir bunkers e proteger sua população civil. E, por acaso, os terroristas são pobres ??? São financiados por petro-dólares, que compram armamentos de alta tecnologia. Estes mesmos petro-dólares deviam proteger a população civil. Porém, a diferença esta na mentalidade. Enquanto Israel dá valor a vida e protege seu povo, o Hezbollah ensina as crianças desde pequenas a lutar e morrer pela causa.
Sou brasileira e dou valor a vida. Entristeço-me quando morrem no Líbano, mas, também me entristeço quando morrem em Israel. Ou vocês não sabiam que também estão morrendo em Israel ??? Também está havendo destruição em Israel, ou vocês acham que as bombas libanesas deixam algo à dever as israelenses ??? Os militantes do Hezbollah estão muito bem equipados e, se o Líbano, não os expulsa de seu país é porque concorda com tudo que está acontecendo. Ambos lados estão perdendo gente e infra-estrutura. O prejuízo é bilateral. Se alguns alegam que os EUA ajudam Israel, quantos são os países árabes, milionários com seus petro-dólares, que ajudam ao Hezbollah ??? Ninguém está em desvantagem nesta guerra.
Aliás, só há desvantagem de Israel porque a opinião pública está sendo manipulada contra Israel, à favor do anti-semitismo. Opinião pública não ganha guerra, mas amplia seus efeitos colaterais. E, por causa desta manipulação da verdade, é que terroristas estão atacando sedes de instituições judaicas em Seatle e aquí no Brasil, em Campinas, e ninguém está fazendo nada.

Enquanto houver terroristas não haverá paz. Enquanto os petro-dólares dos árabes financiarem as causas terroristas não haverá paz. Os terroristas não são libaneses, nem brasileiros, eles são cidadões mundiais e espalham o terror por onde passam. Eles não tem medo de morrer ou matar, porque não dão valor a vida, mas a causa nobre pela qual lutam: destruir Israel e os judeus. Ou vocês não concordam que para acontecer o que houve nas torres gêmeas dos EUA em 11 de setembro, precisava de muito dinheiro ??? Eles são milionários, só não construem bunkers para os civis porque preferem proteger os armamentos e os militares do que as criancinhas...

Muito dinheiro é necessário para o treinamento e armamento dos grupos terroristas. Dinheiro que poderia estar sendo usado para diminuir a miséria no mundo, para o desenvolvimento de cura de doenças, para o avanço tecnológico, até para o desenvolvimento dos próprios países árabes ou para muitas causas nobres. Porém, eles não dão valor a vida ...
Sou brasileira e dou valor a vida. Entristeço-me quando vejo o anti-semitismo se aproveitar deste conflito para atacar instituições judaicas mundo afora. E, mais uma vez, o mundo não quer ver a verdade. Ou será que os petro-dólares falam mais alto ???

8 comentários:

Anônimo disse...

Oi,Olguinha!

Na guerra suja vale tudo, até mentir.
Quando um nâo quer, dois não brigam, a menos que puxem briga com você e não queiras ficar com cara de tacho, acho que se tem que reagir.
Quanto´à questão da mídia respondo: já notou que quando a "M" transborda no Brasil lá vêm as notícias sensacionalistas do Oriente médio para compensar? Paz não vende jornal. Devem usar como desculpa para encobrir falhas nossas, porque o Brasil, mon amour, tem o seu jeitinho peculiar de deixar para depois o que poderia ser resolvido hoje, e dizer a verdade é, com certeza ,uma delas.

Anônimo disse...

Olga, gostaria de fazer uma comparação entre a guerra suja no Oriente Médio e a guerra imunda no Rio de Janeiro. Acordei hoje com um Bom dia Brasil reportando sobre a guerra no Morro do Vidigal. Inocentes sendo acordados com o barulho das metralhadoras, mortos e feridos. E lá, não existe qualquer bunker ou parte do prédio reservado para ataques, como os que existem atualmente em Israel. Não assisti a qualquer manifestação por parte de brasileiros quanto a violência sofrida pelo povo carioca. E mais, o PCC mandando e fazendo o que quer em São Paulo.
A guerra é algo indiscutivelmente absurdo. Qualquer guerra. O que devemos observar é o que está por trás dessa guerra do Oriente Médio. Experiências de armamentos? Aumento do custo do Petróleo? Nota-se que Israel ainda não está realmente "guerreando" e sim defendendo seu território.
bjs e shavua tov! Sua amiga anônima Sima

Anônimo disse...

Esta questão é tão triste e espinhosa...acho que devemos sempre ser contra o fanatismo, como coloca o Amos Oz (aliás, vc o conhece? Vc iria adorar lê-lo). E o fanatismo acontece dos dois lados. Quem paga são os civis no caso do Líban é obsceno como o Hezbollah os utiliza como escudo humano.
Bem, é uma questão longa...
Beijos da prima
Patrícia

Unknown disse...

Tenho orgulho de ter uma leitora e uma amiga como você. E minha mãe deve estar muito feliz com nós duas.

Beijos!!!!!!!!

Lisavieta disse...

Como diria o Caetano Veloso em uma de suas músicas:
"Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva do de sede,
São tantas vezes gestos naturais..."

Anônimo disse...

Olguinha,

AI vai um artigo que saiu no Wall Street Journal comentando sobre como os judeus estao evoluindo para uma posicao mais unificada em relacao ao conflito no Oriente Medio. Beijos. Xande

Red State Jews

By THANE ROSENBAUM
August 9, 2006; Page A10

This is a soul-searching moment for the Jewish left. Actually, for many Jewish liberals, navigating the gloomy politics of the Middle East is like walking with two left feet.

I would know. For six years I was the literary editor of Tikkun magazine, a leading voice for progressive Jewish politics that never avoided subjecting Israel to moral scrutiny. I also teach human rights at a Jesuit university, imparting the lessons of reciprocal grievances and the moral necessity to regard all people with dignity and mutual respect. And I am deeply sensitive to Palestinian pain, and mortified when innocent civilians are used as human shields and then cynically martyred as casualties of war.

Yet, since 9/11 and the second intifada, where suicide bombings and beheadings have become the calling cards of Arab diplomacy, and with Hamas and Hezbollah emerging as elected entities that, paradoxically, reject the first principles of liberal democracy, I feel a great deal of moral anguish. Perhaps I have been naïve all along.

And I am not alone. Many Jews are in my position -- the children and grandchildren of labor leaders, socialists, pacifists, humanitarians, antiwar protestors -- instinctively leaning left, rejecting war, unwilling to demonize, and insisting that violence only breeds more violence. Most of all we share the profound belief that killing, humiliation and the infliction of unnecessary pain are not Jewish attributes.

However, the world as we know it today -- post-Holocaust, post-9/11, post-sanity -- is not cooperating. Given the realities of the new Middle East, perhaps it is time for a reality check. For this reason, many Jewish liberals are surrendering to the mindset that there are no solutions other than to allow Israel to defend itself -- with whatever means necessary. Unfortunately, the inevitability of Israel coincides with the inevitability of anti-Semitism.

This is what more politically conservative Jews and hardcore Zionists maintained from the outset. And it was this nightmare that the Jewish left always refused to imagine. So we lay awake at night, afraid to sleep. Surely the Arabs were tired, too. Surely they would want to improve their societies and educate their children rather than strap bombs on to them.

If the Palestinians didn't want that for themselves, if building a nation was not their priority, then peace in exchange for territories was nothing but a pipe dream. It was all wish-fulfillment, morally and practically necessary, yet ultimately motivated by a weary Israeli society -- the harsh reality of Arab animus, the spiritual toll that the occupation had taken on a Jewish state battered by negative world opinion.

Despite the deep cynicism, however, Israel knew that it must try. It would have to set aside nearly 60 years of hard-won experience, starting from the very first days of its independence, and believe that the Arab world had softened, would become more welcoming neighbors, and would stop chanting: "Not in our backyard -- the Middle East is for Arabs only."

It is true that Israel has entered into peace agreements with Egypt and Jordan that have brought some measure of historic stability to the region. But with Israel having withdrawn from Lebanon and Gaza, and with Israeli public opinion virtually united in favor of near-total withdrawal from the West Bank, why are rockets being launched at Israel now, why are their soldiers being kidnapped if the aspirations of the Palestinian people, and the intentions of Hamas and Hezbollah, stand for something other than the total destruction of Israel? And if Palestinians and the Lebanese are electing terrorists and giving them the portfolio of statesmen, then what message is being sent to moderate voices, what incentives are there to negotiate, and how can any of this sobering news be recast in a more favorable light?

The Jewish left is now in shambles. Peace Now advocates have lost their momentum, and, in some sense, their moral clarity. Opinion polls in Israel are showing near unanimous support for stronger incursions into Lebanon. And until kidnapped soldiers are returned and acts of terror curtailed, any further conversations about the future of the West Bank have been set aside.

Not unlike the deep divisions between the values of red- and blue-state America, world Jewry is being forced to reconsider all of its underlying assumptions about peace in the Middle East. The recent disastrous events in Lebanon and Gaza have inadvertently created a newly united Jewish consciousness -- bringing right and left together into one deeply cynical red state.

Mr. Rosenbaum, a novelist and professor at Fordham Law School, is author, most recently, of "The Myth of Moral Justice" (HarperCollins, 2004)

Anônimo disse...

Pode ser, lamento mesmo por ambas as partes, mas Israel está sempre bombardeando seus vizinhos, por que será?
Antes do Líbano, houve outros, e sempre haverá.
O Hezbollah é uma gata brava defendendo os filhotes, enfrenta cães nervosos, mata ou morre, fura os olhos do oponente, mas luta.
E Israel está sempre implicando com a estreiteza de suas "fronteiras".
Todo mundo errado.
E, afinal, o que mudamos com isso? E os EUA?

Anônimo disse...

Meus parabéns pelo seu texto. É um alívio ver alguém defender Israel no meio do sensacionalismo pró-terrorismo. Valeu.