quarta-feira, julho 05, 2006

Quem sou eu

Eis uma questão bastante complexa. Pois sou única e múltiplas. Sou única porque não sou igual à ninguém, tenho meu jeito muito próprio de andar, falar e pensar, tenho personalidade até demais. E sou muitas porque não basta ser mulher, tem que ser esposa, mãe, dona de casa, profissional, judia.
Ser mulher nos dias hoje é uma tarefa árdua. A mulher moderna tem responsabilidades muito definidas e múltiplas. Enquanto a mulher de antigamente só precisava se preocupar com os filhos e a casa, a mulher de hoje emancipou-se. Tem direitos iguais aos homens de trabalhar fora de casa, ser uma profissional bem-sucedida. Porém, os filhos e a casa, ainda são sua exclusiva responsabilidade, apesar dos discursos feministas que os homens precisam ajudar em casa. A mulher apenas ampliou seu leque de atuações. Continua mãe esmerada e dona-de-casa zelosa, apesar de ausente grande parte do tempo, além de profissional de sucesso. Em parte isso não foi uma conquista pois a jornada de trabalhou duplicou porém , por outro lado, a mulher moderna ganhou liberdade de escolha ,tempo para sí mesma, para observações, pensamentos, liberdades antes mais restritas porque sua mente era só para a casa.

Sou esposa, amante e companheira . Desde que aceitamos nos casar , aceitamos a responsabilidade de sermos dois. Aceitamos estarmos presentes na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, em todos os momentos, unidos para superarmos juntos as dificuldades e adversidades. E faço isso com alegria, feliz por ter consituído uma família.

Acima de tudo , sou mãe. E como sou mãe !!! Sou muito mãe, durante todo o tempo, quando estou presente e até quando estou ausente. Sempre estou tentando organizar a rotina dos meus filhos, que eles comam coisas saudáveis, que sejam bem alimentados, que pratiquem esportes, que sejam educados, que tenham bons hábitos de higiene, que durmam bastante, que tomem os remédios, mesmo que eu esteja longe. Não tem um só instante do dia ou da noite que eu não seja mãe. Seja para verificar se o nariz está entupido , se a orelha está limpa, se comeu tudo, se fez o dever-de-casa caprichado, seja para arrumar a mochila da escola, preparar o uniforme do dia seguinte com carinho, preocupada se irá fazer frio ou calor.

Também sou dona-de-casa, apesar de estar fora de casa a maior parte do tempo. Preciso fazer lista de compras e ir ao mercado, verificar se sobrou comida e incrementá-la se não houver outra coisa, atentar se as roupas delicadas estão sendo lavadas na mão, verificar se a roupa da casa está bem passada e guardada no lugar certo. É quase uma gerência geral a responsabilidade de pedir ao porteiro para trocar uma lâmpada, chamar a assistência técnica do aquecedor, chamar uma desentupidora, uma faxineira e o que mais for necessário para o perfeito funcionamento doméstico. É quase um segundo emprego.

Sou também profissinal dedicada. Trabalho com bom-humor e muita disposição. Tento ser atenciosa e fazer o meu melhor. Quero ser competente e crescer sempre. E sei que só depende de mim. E aí, todas as outras Olgas, a mulher moderna, a esposa feliz, a mãe dedicada, a dona-de-casa atarefada, se unem para tornar a Olga profissional múltipla mas completa, multifacetada mas centrada, flexível mas séria, ágil porém eficiente.

Acima e além de tudo , sou judia. Porque, pode ser difícil para os não-judeus entenderem, mas ser judia não é só uma religião. É fazer parte de algo muito maior, a fiolosofia de vida de um povo milenar com cultura e tradição próprias e muito fortes. É sentir o coração cantar quando ouve músicas em hebraico , é entrar na roda e dançar quando se ouve uma "hora" , é respeitar todas as sinagogas apesar das diferenças que as separam, é ler o jornal e a revista da comunidade e sentir-se inserida no contexto. É ser e não apenas ter uma religião.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, querida amiga que amo tanto...
Estou impressionada, pois achei que conhecia vc, mas nunca soube desse seu lado de escritora. Vc se expressa muito bem. Eu sou uma "Olga", apesar de ser Louiza e tenho orgulho disso. Orgulho de conseguir ser tudo isso que essa "Olga " é. Ser mãe é o emprego mais difícil, o emprego mais trabalhoso, porém, o que me dá mais prazer. Continue escrevendo, qeurida, quero le-la sempre.
Beijos
Louiza

Lisavieta disse...

Oi, Olga.
Acho q foi o Fernando Pessoa (não tenho certeza...) q disse algo como "eu sou algo entre o q eu gostaria de ser e o q os outros acham q eu sou".
Lindo seu texto, Leva à reflexão.
Abraços